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5 motivos para todo instrutor de Pilates que trabalha com dor dominar a Fáscia

por Janaína Cintas

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Introdução

Você já teve aquele aluno que não melhora da dor, mesmo aplicando todos os exercícios que domina?Essa é uma situação comum nos estúdios de Pilates clínico. Muitas vezes, o problema não está no músculo ou na articulação isoladamente, mas em algo mais profundo e integrador: a fáscia.


Hoje sabemos que a fáscia não é apenas um “tecido de preenchimento”. Trata-se de um órgão sensorial altamente inervado, que conecta, sustenta e organiza o corpo como um todo. Ela funciona como uma grande rede de comunicação, capaz de influenciar desde a postura até a percepção da dor. Ignorar a fáscia é como tentar montar um quebra-cabeça sem metade das peças.

Neste artigo, vou te mostrar, com base em ciência e prática clínica, 5 motivos para você, instrutora de Pilates, dominar o sistema fascial ao lidar com alunos com dor.


1. A fáscia é um órgão sensorial diretamente ligado à dor


A fáscia é ricamente inervada por mecanorreceptores (que percebem pressão e alongamento) e nociceptores (relacionados à dor). Isso significa que ela não só percebe movimento e pressão, mas também pode ser fonte primária de dor quando apresenta espessamentos, restrições ou alterações na sua hidratação.

Estudos mostram que disfunções fasciais estão relacionadas a dores crônicas como lombalgia, cervicalgia e dor miofascial. Schleip (2012) observou que quando a fáscia perde sua capacidade de deslizamento, há um aumento da sensibilidade dolorosa.

Na prática do Pilates: pense naquele aluno que sente dor mesmo em exercícios básicos. Muitas vezes não é o músculo fraco ou tenso, mas sim a fáscia rígida que está enviando sinais dolorosos. Ao compreender isso, você pode usar exercícios que favoreçam o deslizamento fascial e a respiração para aliviar a dor.


2. A fáscia organiza o movimento global


Segundo Thomas Myers, autor de Trilhos Anatômicos, o corpo funciona em cadeias miofasciais e não em músculos isolados. Isso significa que um movimento no pé pode influenciar a cabeça, e uma restrição na região toracolombar pode gerar compensações no ombro.

A fáscia transmite força ao longo dessas cadeias, garantindo eficiência de movimento. Se uma parte da rede está rígida, o corpo inteiro precisa compensar.

Na prática do Pilates: exercícios como o Footwork no Reformer não trabalham apenas quadríceps e glúteos, mas toda a linha superficial posterior, que inclui desde a planta do pé até a fáscia lombar. Quando o instrutor domina essa lógica, consegue adaptar o repertório para liberar restrições e restaurar o movimento global.


3. Trabalhar a fáscia potencializa resultados com dor crônica


Pacientes com dores persistentes geralmente apresentam alterações no sistema fascial: rigidez, menor capacidade de deslizamento e até mudanças na hidratação da matriz extracelular.

A boa notícia é que a fáscia é um tecido altamente adaptável. O movimento, especialmente quando inclui estímulos variados e elásticos, pode restaurar sua função. McPartland (2008) mostrou que a fáscia está relacionada ao sistema endocanabinoide, influenciando inflamação e nocicepção. Ou seja, trabalhar a fáscia não é apenas alongar ou fortalecer, mas modular a dor em nível neuroquímico.

Na prática do Pilates: variações de ritmo, movimentos de alcance, rotações e integrações de respiração com tensão elástica (ex: Mermaid com foco em respiração lateral) ajudam a hidratar a fáscia e reduzir a dor crônica.


4. A fáscia é a ponte entre ciência e prática clínica


Quando você domina a ciência da fáscia, seu trabalho ganha uma nova dimensão. Você deixa de ser vista apenas como instrutora que “ensina exercícios” e passa a ser reconhecida como profissional que aplica conceitos sólidos de biomecânica e neurociência.

A fáscia conecta temas que já fazem parte do Pilates clínico:


  • Biomecânica: pressão intra-abdominal, tensegridade, transmissão de forças;

  • Neurociência da dor: nocicepção, modulação central e periférica;

  • Cadeias musculares e viscerais: já exploradas nos estudos de Janaína Cintas, mostrando a relação entre fáscia, postura e órgãos internos.


Na prática do Pilates: explicar para o aluno que sua dor no ombro pode estar relacionada à fáscia toracolombar, ou que a melhora do quadril depende também da liberação da fáscia plantar, gera confiança e aumenta a adesão ao tratamento.


5. Dominar fáscia é estar na vanguarda do Pilates clínico


A ciência da fáscia é relativamente nova. Só nos anos 2000 o Fascia Research Congress reuniu pesquisadores de todo o mundo e colocou o tema no centro da discussão científica. Desde então, a literatura sobre fáscia cresce de forma exponencial.

Isso significa que muitos profissionais ainda não dominam o assunto. Quem estuda agora está um passo à frente, trazendo inovação, segurança e embasamento científico para a prática.

Na prática do Pilates: quando você domina conceitos fasciais, consegue justificar preços mais altos, fidelizar alunos e se diferenciar em um mercado altamente competitivo. Afinal, você não vende apenas aulas, mas reabilitação embasada em ciência de ponta.


Conclusão


Agora você já sabe: a fáscia não é apenas um detalhe anatômico. Ela é um sistema integrador do corpo, essencial para compreender a dor e potencializar os resultados do Pilates.

👉 E aqui vai um spoiler especial: em breve teremos novidades sobre Fáscia e Movimento no Pilates. Se você quer estar entre os primeiros a mergulhar nesse conhecimento e transformar sua prática clínica, fique atenta aos próximos conteúdos.


📌 Referências

  • Myers, T. Trilhos Anatômicos. 3ª ed. 2017.

  • Schleip, R. et al. Fascia: The Tensional Network of the Human Body. Elsevier, 2012.

  • McPartland, J. M. Expression of the endocannabinoid system in fibroblasts and myofascial tissues. J Bodyw Mov Ther, 2008.

  • Cintas, J. Fáscia e Movimento – Curso ABFáscia & JC Cursos. 2019.



 
 
 

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