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Joelho Varo Desvendado: Como Diferenciar e Tratar Cada Tipo no Pilates Clínico Através das Cadeias Musculares

Por Janaína Cintas

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O joelho varo é uma alteração do eixo mecânico dos membros inferiores, caracterizada pelo fechamento medial da articulação do joelho, fazendo com que as pernas assumam o formato popularmente chamado de “pernas arqueadas”. Apesar de visualmente semelhante, o joelho varo pode ter origens e implicações biomecânicas distintas. Compreender essas diferenças é essencial para planejar intervenções precisas, especialmente no Pilates Clínico.


1. Dois tipos de joelho varo

De acordo com a análise postural e o estudo das cadeias musculares, podemos classificar o joelho varo em dois grandes grupos:


A. Varo estrutural (anatômico)

  • Origem: alterações ósseas, como displasia ou crescimento desigual da tíbia/fêmur, ou sequelas de fraturas.

  • Características: o desalinhamento persiste mesmo com correção postural ativa; geralmente associado a deformidade óssea fixa.

  • Cadeias musculares envolvidas:

    • Cadeia de Abertura: encurtamento de trato iliotibial, glúteo máximo porção tóraco-lombar, fibulares.

    • Cadeia de Sustentação: sobrecarga mecânica no compartimento medial do joelho.

  • Objetivo no tratamento: preservar a mobilidade, reduzir sobrecargas e otimizar função articular.


B. Varo funcional (postural)

  • Origem: desequilíbrios miofasciais, padrões de descarga de peso e compensações posturais.

  • Características: pode ser minimizado ou corrigido com ajustes posturais e reequilíbrio muscular.

  • Cadeias musculares envolvidas:

    • Cadeia Posterior: encurtamento de gastrocnêmio medial, isquiotibiais, glúteo máximo.

    • Cadeia Ântero-mediana: fraqueza de adutores e vasto medial oblíquo.

  • Objetivo no tratamento: reeducar o eixo de carga, melhorar o controle neuromuscular e promover simetria entre cadeias musculares.


2. Interpretação pelas cadeias musculares

O conceito de Cadeias Musculares de Busquet e Souchard nos ajuda a entender que a articulação do joelho raramente é a origem primária da disfunção, ela reflete tensões ascendentes (pé e tornozelo) ou descendentes (quadril, pelve e coluna). No varo estrutural, a cadeia lateral tende a manter a tensão, enquanto no varo funcional a cadeia posterior e a cadeia ântero-mediana são as principais a serem trabalhadas. Além disso, o sistema fascial tem papel fundamental, pois encurtamentos e aderências podem perpetuar o desalinhamento.


3. Estratégias de tratamento com Pilates

No Pilates Clínico, trabalhamos sempre com foco na centralização, controle e alinhamento articular. A escolha dos exercícios precisa respeitar as diferenças entre os dois tipos de varo.

Para joelho varo estrutural


Objetivo: reduzir sobrecarga medial, otimizar mobilidade e força excêntrica da cadeia lateral.

  1. Footwork no Reformer – posição paralela e faixa elástica na face lateral do joelho

    • Recruta abdutores e estabilizadores do quadril, evitando colapso medial.

  2. Side lying leg press com molas (Cadillac ou Reformer)

    • Fortalece o glúteo médio e mínimo, essenciais para absorção de impacto e estabilização lateral.


Para joelho varo funcional


Objetivo: corrigir padrão postural, fortalecer cadeia medial e alongar cadeia posterior.

  1. Bridge com bola entre joelhos (Mat ou Reformer)

    • Ativa adutores e vasto medial, promovendo alinhamento.

  2. Standing lunge com controle excêntrico e ênfase em descarga medial equilibrada

    • Trabalha dissociação pélvica e controle do valgo/varo dinâmico.


4. Pontos-chave para o instrutor

  • Avaliar sempre: diferenciar o varo estrutural do funcional é essencial para não criar expectativas irreais de correção postural em casos ósseos fixos.

  • Trabalhar de baixo para cima: pés e tornozelos têm grande influência no alinhamento do joelho.

  • Reeducar o centro: estabilidade do quadril e controle do core são determinantes na descarga de peso.




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📚 Referências:

  • Cintas, J. Cadeias Musculares do Tronco – A Evolução Biomecânica das Principais Cadeias. Sarvier, 2015.

  • Busquet, L. As Cadeias Musculares – Membros Inferiores. Belo Horizonte, 2001.

  • Stecco, C. Functional Atlas of the Human Fascial System. Elsevier, 2014.

  • Hodges, P. et al. The role of motor control in prevention and management of knee injuries. J Electromyogr Kinesiol, 2016.


 
 
 

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