Joelho Varo Desvendado: Como Diferenciar e Tratar Cada Tipo no Pilates Clínico Através das Cadeias Musculares
- Janaína Cintas
- 15 de ago.
- 3 min de leitura
Por Janaína Cintas

O joelho varo é uma alteração do eixo mecânico dos membros inferiores, caracterizada pelo fechamento medial da articulação do joelho, fazendo com que as pernas assumam o formato popularmente chamado de “pernas arqueadas”. Apesar de visualmente semelhante, o joelho varo pode ter origens e implicações biomecânicas distintas. Compreender essas diferenças é essencial para planejar intervenções precisas, especialmente no Pilates Clínico.
1. Dois tipos de joelho varo
De acordo com a análise postural e o estudo das cadeias musculares, podemos classificar o joelho varo em dois grandes grupos:
A. Varo estrutural (anatômico)
Origem: alterações ósseas, como displasia ou crescimento desigual da tíbia/fêmur, ou sequelas de fraturas.
Características: o desalinhamento persiste mesmo com correção postural ativa; geralmente associado a deformidade óssea fixa.
Cadeias musculares envolvidas:
Cadeia de Abertura: encurtamento de trato iliotibial, glúteo máximo porção tóraco-lombar, fibulares.
Cadeia de Sustentação: sobrecarga mecânica no compartimento medial do joelho.
Objetivo no tratamento: preservar a mobilidade, reduzir sobrecargas e otimizar função articular.
B. Varo funcional (postural)
Origem: desequilíbrios miofasciais, padrões de descarga de peso e compensações posturais.
Características: pode ser minimizado ou corrigido com ajustes posturais e reequilíbrio muscular.
Cadeias musculares envolvidas:
Cadeia Posterior: encurtamento de gastrocnêmio medial, isquiotibiais, glúteo máximo.
Cadeia Ântero-mediana: fraqueza de adutores e vasto medial oblíquo.
Objetivo no tratamento: reeducar o eixo de carga, melhorar o controle neuromuscular e promover simetria entre cadeias musculares.
2. Interpretação pelas cadeias musculares
O conceito de Cadeias Musculares de Busquet e Souchard nos ajuda a entender que a articulação do joelho raramente é a origem primária da disfunção, ela reflete tensões ascendentes (pé e tornozelo) ou descendentes (quadril, pelve e coluna). No varo estrutural, a cadeia lateral tende a manter a tensão, enquanto no varo funcional a cadeia posterior e a cadeia ântero-mediana são as principais a serem trabalhadas. Além disso, o sistema fascial tem papel fundamental, pois encurtamentos e aderências podem perpetuar o desalinhamento.
3. Estratégias de tratamento com Pilates
No Pilates Clínico, trabalhamos sempre com foco na centralização, controle e alinhamento articular. A escolha dos exercícios precisa respeitar as diferenças entre os dois tipos de varo.
Para joelho varo estrutural
Objetivo: reduzir sobrecarga medial, otimizar mobilidade e força excêntrica da cadeia lateral.
Footwork no Reformer – posição paralela e faixa elástica na face lateral do joelho
Recruta abdutores e estabilizadores do quadril, evitando colapso medial.
Side lying leg press com molas (Cadillac ou Reformer)
Fortalece o glúteo médio e mínimo, essenciais para absorção de impacto e estabilização lateral.
Para joelho varo funcional
Objetivo: corrigir padrão postural, fortalecer cadeia medial e alongar cadeia posterior.
Bridge com bola entre joelhos (Mat ou Reformer)
Ativa adutores e vasto medial, promovendo alinhamento.
Standing lunge com controle excêntrico e ênfase em descarga medial equilibrada
Trabalha dissociação pélvica e controle do valgo/varo dinâmico.
4. Pontos-chave para o instrutor
Avaliar sempre: diferenciar o varo estrutural do funcional é essencial para não criar expectativas irreais de correção postural em casos ósseos fixos.
Trabalhar de baixo para cima: pés e tornozelos têm grande influência no alinhamento do joelho.
Reeducar o centro: estabilidade do quadril e controle do core são determinantes na descarga de peso.
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📚 Referências:
Cintas, J. Cadeias Musculares do Tronco – A Evolução Biomecânica das Principais Cadeias. Sarvier, 2015.
Busquet, L. As Cadeias Musculares – Membros Inferiores. Belo Horizonte, 2001.
Stecco, C. Functional Atlas of the Human Fascial System. Elsevier, 2014.
Hodges, P. et al. The role of motor control in prevention and management of knee injuries. J Electromyogr Kinesiol, 2016.



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