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Biomecânica aplicada: três observações essenciais para qualquer exercício de Pilates

Por Janaína Cintas


A qualidade da prescrição de exercícios, especialmente no contexto clínico, está diretamente relacionada à capacidade de observação e raciocínio biomecânico do profissional. Para tornar essa análise mais objetiva e funcional, proponho três perguntas que devem ser consideradas em qualquer avaliação de movimento:

  1. Qual é o plano de movimento?

  2. Qual é o vetor atuante?

  3. Qual cadeia cinética muscular está envolvida?


1. O plano de movimento

O plano de movimento determina a direção em que o corpo se desloca e indica as articulações e cadeias musculares mais exigidas no exercício. Os planos anatômicos são:

  • Sagital: movimentos de flexão e extensão (ex.: roll-up, leg press).

  • Frontal: movimentos laterais, como abduções e aduções (ex.: side leg lift).

  • Transverso: rotações (ex.: spine twist, saw).

Compreender o plano em que o exercício ocorre permite prever padrões compensatórios e selecionar comandos mais eficazes para facilitar o controle motor do aluno.


2. O vetor atuante

O vetor refere-se à direção e sentido da força que atua sobre o corpo durante o exercício. Essa força pode ser gerada por diferentes fontes: gravidade, molas, elásticos, resistência manual ou pelo próprio peso corporal.

A análise do vetor é essencial para compreender:

  • Se a resistência facilita ou desafia o movimento proposto.

  • Quais regiões do corpo precisam ser estabilizadas para manter a eficiência do exercício.

  • Quais articulações estão sendo mais demandadas e em que sentido.

Por exemplo, ao aplicar uma mola diagonalmente no Reformer, o vetor de força se modifica, exigindo ajustes na estabilidade lombo-pélvica e no alinhamento axial.


3. A cadeia cinética muscular envolvida

O corpo humano não se move por ações musculares isoladas, mas por cadeias cinéticas integradas, que garantem eficiência e distribuição do esforço. As principais cadeias musculares são:

  • Cadeia anterior: relacionada à flexores do tronco e quadril.

  • Cadeia posterior: responsável por extensão, estabilização postural e força de reação ao solo.

  • Cadeias laterais e espirais: fundamentais para a estabilização em desequilíbrio e para movimentos tridimensionais, como rotação e dissociação de cinturas.

Reconhecer qual cadeia está sendo acionada em cada exercício auxilia na prescrição mais precisa e na progressão adequada para os objetivos terapêuticos.


Aplicações clínicas

Ao considerar esses três pontos, o profissional se torna mais apto a:

  • Formular estratégias individualizadas para alunos com dor ou disfunções específicas.

  • Identificar compensações motoras precoces.

  • Prescrever com maior segurança, eficácia e embasamento técnico.

Além disso, o conhecimento aprofundado sobre planos, vetores e cadeias musculares está alinhado aos fundamentos da tensegridade biológica e do modelo fáscio-neuromuscular, como discutido em estudos recentes sobre as propriedades sensoriais e transmissoras da fáscia.


Convite para aprofundamento

Para aprofundar esses conceitos na prática e ampliar sua segurança clínica, participe do nosso próximo aulão ao vivo no dia 05 de julho, às 09h, gratuito.


O encontro trará exemplos aplicados de exercícios do método Pilates sob a ótica da biomecânica funcional.


Data: 05/07 Horário: 9h Formato: Online e gratuito

Inscrições: (link https://bit.ly/aulaobiomecanica )




Referências

  • Lederman, E. (2010). The Myth of Core Stability. Journal of Bodywork & Movement Therapies.

  • Myers, T. (2009). Anatomy Trains.

  • Pickar, J.G. (2002). Neurophysiological effects of spinal manipulation. The Spine Journal.

  • McPartland, J. (2008). Expression of the endocannabinoid system in fibroblasts and myofascial tissues.

  • Curso ABFáscia & JC Cursos (2019). Fáscia e Movimento – Módulo 1.


 
 
 

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