Biomecânica aplicada: três observações essenciais para qualquer exercício de Pilates
- Janaína Cintas
- 1 de jul.
- 2 min de leitura
Por Janaína Cintas

A qualidade da prescrição de exercícios, especialmente no contexto clínico, está diretamente relacionada à capacidade de observação e raciocínio biomecânico do profissional. Para tornar essa análise mais objetiva e funcional, proponho três perguntas que devem ser consideradas em qualquer avaliação de movimento:
Qual é o plano de movimento?
Qual é o vetor atuante?
Qual cadeia cinética muscular está envolvida?
1. O plano de movimento
O plano de movimento determina a direção em que o corpo se desloca e indica as articulações e cadeias musculares mais exigidas no exercício. Os planos anatômicos são:
Sagital: movimentos de flexão e extensão (ex.: roll-up, leg press).
Frontal: movimentos laterais, como abduções e aduções (ex.: side leg lift).
Transverso: rotações (ex.: spine twist, saw).
Compreender o plano em que o exercício ocorre permite prever padrões compensatórios e selecionar comandos mais eficazes para facilitar o controle motor do aluno.
2. O vetor atuante
O vetor refere-se à direção e sentido da força que atua sobre o corpo durante o exercício. Essa força pode ser gerada por diferentes fontes: gravidade, molas, elásticos, resistência manual ou pelo próprio peso corporal.
A análise do vetor é essencial para compreender:
Se a resistência facilita ou desafia o movimento proposto.
Quais regiões do corpo precisam ser estabilizadas para manter a eficiência do exercício.
Quais articulações estão sendo mais demandadas e em que sentido.
Por exemplo, ao aplicar uma mola diagonalmente no Reformer, o vetor de força se modifica, exigindo ajustes na estabilidade lombo-pélvica e no alinhamento axial.
3. A cadeia cinética muscular envolvida
O corpo humano não se move por ações musculares isoladas, mas por cadeias cinéticas integradas, que garantem eficiência e distribuição do esforço. As principais cadeias musculares são:
Cadeia anterior: relacionada à flexores do tronco e quadril.
Cadeia posterior: responsável por extensão, estabilização postural e força de reação ao solo.
Cadeias laterais e espirais: fundamentais para a estabilização em desequilíbrio e para movimentos tridimensionais, como rotação e dissociação de cinturas.
Reconhecer qual cadeia está sendo acionada em cada exercício auxilia na prescrição mais precisa e na progressão adequada para os objetivos terapêuticos.
Aplicações clínicas
Ao considerar esses três pontos, o profissional se torna mais apto a:
Formular estratégias individualizadas para alunos com dor ou disfunções específicas.
Identificar compensações motoras precoces.
Prescrever com maior segurança, eficácia e embasamento técnico.
Além disso, o conhecimento aprofundado sobre planos, vetores e cadeias musculares está alinhado aos fundamentos da tensegridade biológica e do modelo fáscio-neuromuscular, como discutido em estudos recentes sobre as propriedades sensoriais e transmissoras da fáscia.
Convite para aprofundamento
Para aprofundar esses conceitos na prática e ampliar sua segurança clínica, participe do nosso próximo aulão ao vivo no dia 05 de julho, às 09h, gratuito.
O encontro trará exemplos aplicados de exercícios do método Pilates sob a ótica da biomecânica funcional.
Data: 05/07 Horário: 9h Formato: Online e gratuito
Inscrições: (link https://bit.ly/aulaobiomecanica )
Referências
Lederman, E. (2010). The Myth of Core Stability. Journal of Bodywork & Movement Therapies.
Myers, T. (2009). Anatomy Trains.
Pickar, J.G. (2002). Neurophysiological effects of spinal manipulation. The Spine Journal.
McPartland, J. (2008). Expression of the endocannabinoid system in fibroblasts and myofascial tissues.
Curso ABFáscia & JC Cursos (2019). Fáscia e Movimento – Módulo 1.
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