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Cadeias Musculares e a Síndrome do Impacto Subacromial

Como tensões fasciais no tronco influenciam a dor no ombro




A dor no ombro é uma das queixas mais frequentes em estúdios de Pilates e consultórios de fisioterapia. Em especial, a síndrome do impacto subacromial — caracterizada por dor durante a elevação do braço, redução da amplitude de movimento e fraqueza muscular — afeta diretamente a funcionalidade de pacientes ativos e sedentários. Contudo, apesar de ser uma disfunção aparentemente localizada, suas raízes podem estar muito além da articulação glenoumeral.


A síndrome do impacto ocorre quando há compressão dos tecidos moles (como o tendão do supraespinal e a bursa subacromial) entre a cabeça do úmero e o arco coracoacromial durante o movimento. Diversos fatores contribuem para essa compressão, incluindo desequilíbrios musculares locais, instabilidade escapular e alterações posturais globais. É nesse contexto que a abordagem das cadeias musculares se torna fundamental.

Ao longo dos últimos anos, tenho observado na prática clínica que o ombro raramente sofre sozinho. Ele responde às adaptações que o corpo inteiro constroi ao longo do tempo. As cadeias cruzadas anteriores e posteriores, descritas por autores como Myers e aprofundadas em meu livro Cadeias Musculares do Tronco (Sarvier, 2015), mostram como a relação funcional entre o quadril e o ombro — por meio de rotações opostas e compensações torácicas — pode alterar a dinâmica escápulo-umeral.


Por exemplo, uma restrição fascial no quadrado lombar ou no grande dorsal, associada a uma rotação compensatória do tronco e anteriorização do ombro dominante, pode alterar o ritmo escápulo-torácico e elevar o risco de impacto subacromial. A perda da mobilidade torácica e da estabilidade do core impede que a escápula se movimente com fluidez e estabilidade durante a elevação do braço.


Além disso, a cadeia ântero-mediana, que envolve o diafragma, o transverso abdominal e os músculos do assoalho bucal, influencia diretamente na organização da postura do gradil costal e da cintura escapular. Uma respiração superior crônica, por exemplo, altera a posição da escápula e promove tensões compensatórias no trapézio superior e nos rotadores internos do ombro.


Durante a avaliação postural de pacientes com dor no ombro, é essencial investigar:


  • Rotação do tronco em repouso e durante o movimento

  • Alterações no ritmo escapular

  • Padrão respiratório torácico superior

  • Tensão nos flexores cervicais e musculatura peitoral

  • Assimetria entre os membros superiores

  • Bloqueios fasciais na cadeia posterior superficial ou cruzada


Esses achados são pistas valiosas de que a dor no ombro está sendo sustentada por um padrão disfuncional global, que deve ser reorganizado com base em uma atuação integrativa.

A intervenção terapêutica precisa ir além do fortalecimento de manguito rotador. A liberação das cadeias cruzadas, a reeducação da respiração, a mobilidade torácica e a ativação do core profundo são passos fundamentais para restaurar a harmonia do complexo articular do ombro.

O Pilates clínico, quando conduzido com lógica de cadeias musculares, se torna uma ferramenta precisa para modular esse padrão. A integração entre controle postural, dissociação de cinturas e reconexão respiratória é capaz de reduzir significativamente os episódios de dor e restaurar a função.


A dor no ombro, nesse contexto, deixa de ser um problema local e passa a ser um sinal de desequilíbrio sistêmico.


No Curso de Cadeias Musculares no Pilates, que ainda está com algumas inscrições abertas, ensino exatamente como identificar essas relações ocultas, como conduzir uma avaliação precisa baseada em cadeias e como aplicar estratégias práticas de reorganização funcional — inclusive em casos de dor no ombro como a síndrome do impacto subacromial.

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Referências Bibliográficas

CINTAS, J. Cadeias Musculares do Tronco. São Paulo: Sarvier, 2015.

MYERS, T. Anatomy Trains: Myofascial Meridians for Manual and Movement Therapists. 3. ed.

KENDALL, F. P. Músculos: Provas e Funções com Postura e Dor. 5. ed.

SOUCHARD, P. E. Reeducação Postural Global (RPG).

BORSTAD, J. D.; LUDEWIG, P. M. The effect of long versus short pectoralis minor resting length on scapular kinematics in healthy individuals. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, v. 35, n. 4, p. 227–238, 2005.


 
 
 

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