top of page

Cadeias Musculares, Pilates e Cervicalgia:

Uma abordagem integrativa para reequilíbriopostural e alívio de dores cervicais no Pilates




A cervicalgia é uma das queixas musculoesqueléticas mais frequentes em consultórios de

fisioterapia e estúdios de Pilates clínico. Caracteriza-se por dor na região cervical,

frequentemente associada à rigidez, limitação de movimento e irradiações para ombros e

membros superiores. Embora o foco da dor esteja na região cervical, a abordagem

terapêutica eficaz depende de uma compreensão mais ampla: a integração do sistema de

cadeias musculares.


O corpo humano se organiza a partir de cadeias miofasciais que transmitem tensões e

compensações ao longo de sua estrutura. A dor localizada pode ser resultado de

desequilíbrios acumulados em regiões à distância. No caso da cervicalgia, é comum

observar padrões de encurtamento na cadeia de flexão anterior e na cadeia cruzada

anterior, compostas por músculos como esternocleidomastoideo, escalenos, peitoral maior e

subclávio. A ativação crônica dessas cadeias, especialmente em posturas sustentadas,

como a posição sentada prolongada ou o uso excessivo de dispositivos móveis, contribui

para sobrecarga mecânica nas vértebras cervicais.


Por outro lado, as cadeias posteriores — especialmente a cadeia posterior superficial e os

estabilizadores profundos — frequentemente apresentam padrão de tensão reativa ou

fadiga funcional, incluindo músculos como trapézio superior, elevador da escápula e

paravertebrais cervicais. O desequilíbrio entre essas cadeias promove deslocamentos

posturais, como a anteriorização da cabeça, elevação dos ombros, retificação cervical e

alterações na biomecânica da cintura escapular.


Durante a avaliação postural, é fundamental observar a relação entre o eixo craniocervical e

a organização global do tronco. Sinais como respiração superior torácica, hipotonia

abdominal, encurtamento de flexores de quadril e rotação compensatória de ombros

indicam a presença de um padrão de disfunção mais amplo, frequentemente associado às

cadeias ântero-mediana, cruzada anterior e cadeia de flexão.


Autores como Busquet, Souchard e Myers sustentam a importância da integração fascial e

muscular na manutenção do equilíbrio postural. No contexto clínico, isso implica que a dor

cervical não deve ser tratada de forma isolada, mas sim compreendida como um efeito de

tensões distribuídas por todo o sistema miofascial.


Na prática, intervenções baseadas em cadeias musculares buscam liberar os pontos de

tensão global, reorganizar o centro de gravidade e promover simetria funcional. Técnicas

como liberação miofascial, reeducação postural global (RPG), ginástica hipopressiva e

Pilates com lógica de cadeias são ferramentas importantes nesse processo. Exercícios que

promovem dissociação craniocervical, controle respiratório, alongamento global ativo e

ativação abdominal profunda contribuem para o reequilíbrio da cadeia anterior e redução da

sobrecarga cervical.


Ao longo da minha atuação clínica e acadêmica, pude observar que a abordagem baseada

em cadeias musculares amplia significativamente os resultados terapêuticos, promovendoalívio da dor, melhora da função e autonomia do paciente. No livro “Cadeias Musculares do

Tronco” (Sarvier, 2015), apresento em detalhes os principais trajetos de tensão muscular e

suas implicações biomecânicas, com foco especial na região cervicotorácica.


Entender a cervicalgia como expressão de um sistema global de desequilíbrios é o primeiro

passo para intervir de forma precisa, resolutiva e duradoura. Ao integrar conhecimento

anatômico, biomecânico e funcional, conseguimos atuar com mais segurança e eficácia,

especialmente no contexto do Pilates clínico e da fisioterapia baseada em evidências.


Se liga na dica...👇🏻
Se liga na dica...👇🏻

Para os instrutores que desejam aprofundar-se na aplicação das cadeias musculares nas suas aulas de Pilates ,nos dias 28 e 29 de abril de 2025 às 21h, acontecerá o Intensivo em Cadeias Musculares no Pilates — um evento 100% online e gratuito,

que une teoria, prática e raciocínio clínico para transformar a forma como lidamos com dor e

disfunção postural. Clique aqui e inscreva-se


Referências bibliográficas:

Cintas, J. Cadeias Musculares do Tronco. São Paulo: Sarvier, 2015.

Myers, T. Anatomy Trains: Myofascial Meridians for Manual and Movement Therapists, 3ª

ed.

Souchard, P.E. Reeducação Postural Global (RPG).

Busquet, L. Cadeias Musculares e Articulares.

Kendall, F.P. Músculos: Provas e Funções com Postura e Dor, 5ª ed.

World Health Organization. Global musculoskeletal health report, 2023.

 
 
 

Comentarios


bottom of page