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Pilates Clínico e Cadeias Musculares na Tendinopatia Glútea: uma nova visão sobre dor lateral no quadril

A dor lateral do quadril, muitas vezes diagnosticada como bursite trocantérica, tem sido

cada vez mais reconhecida como parte de um quadro maior: a tendinopatia dos músculos

glúteo médio e mínimo, também conhecida como Síndrome da Dor Trocantérica Maior

(SDTM). Embora seja comum, especialmente em mulheres a partir dos 40 anos, seu

tratamento ainda é muitas vezes centrado exclusivamente no local da dor, sem considerar

os fatores biomecânicos e miofasciais que perpetuam o quadro.


Na prática clínica, observo que pacientes com esse tipo de dor geralmente apresentam

desequilíbrios em cadeias musculares que envolvem muito mais do que a pelve.

Alterações no controle postural, na organização da marcha, na rotação do tronco e na

função respiratória são componentes frequentemente negligenciados, mas essenciais para

a recuperação funcional e o alívio da dor.


Segundo a abordagem das cadeias musculares descrita em Cadeias Musculares do

Tronco (Cintas, 2015), o corpo humano opera como um sistema integrado de tensões

fasciais. Um encurtamento na cadeia ântero-mediana ou na cadeia cruzada anterior, por

exemplo, pode deslocar o centro de gravidade, sobrecarregar a pelve lateralmente e levar a

uma compensação crônica no glúteo médio.

Essas compensações se acentuam durante o apoio unipodal, a marcha e os exercícios que

exigem dissociação de quadril. Quando não há uma base estável no tronco e no core

profundo, a pelve busca estabilização excessiva nos músculos laterais do quadril — o que,

ao longo do tempo, gera microtraumas e inflamação nos tendões glúteos.

É nesse ponto que o Método Pilates, associado ao raciocínio de cadeias musculares, se

apresenta como uma abordagem altamente eficaz.


No processo de avaliação, é fundamental investigar:

●Padrão de marcha com apoio lateral instável

●Inclinação ou rotação compensatória do tronco

●Hipotonia da musculatura abdominal profunda

●Rigidez toracolombar unilateral

●Padrão respiratório superior

●Perda de dissociação coxo-femoral


Esses fatores indicam que o corpo está sustentando a dor por meio de um padrão postural

vicioso, e que tratar apenas o tendão afetado é insuficiente.A partir disso, estruturamos um plano de intervenção baseado em:

1. 2. 3. 4. 5. Liberação da cadeia cruzada posterior e posterior superficial para melhorar a

mobilidade global


Reeducação respiratória e ativação do transverso abdominal e assoalho pélvico

(cadeia ântero-mediana)


Exercícios com dissociação de cinturas e estímulo ao controle da pelve durante o

apoio unilateral


Trabalho de marcha funcional com controle consciente de tronco e quadril

Uso progressivo dos aparelhos de Pilates com foco em estabilidade dinâmica e

reequilíbrio miofascial


Diferentemente do modelo de reabilitação isolada, o Pilates Clínico — quando guiado por

uma lógica de cadeias musculares — oferece não apenas alívio da dor, mas uma

reorganização profunda do padrão de movimento e sustentação corporal.

A tendinopatia glútea, nesse sentido, deixa de ser um problema do quadril e passa a ser

compreendida como um reflexo da organização corporal como um todo.


No Curso Cadeias Musculares no Pilates, aprofundo esse raciocínio clínico com base na

anatomia funcional, nos trajetos fasciais e nos pontos de reorganização postural. Se você

deseja compreender melhor essas conexões e atuar com mais precisão nos seus

atendimentos, este conteúdo é para você.


Referências bibliográficas

Cintas, J. Cadeias Musculares do Tronco. São Paulo: Sarvier, 2015.

Grimaldi, A. Assessment and management of gluteal tendinopathy. Journal of Orthopaedic

& Sports Physical Therapy, 2016.

Myers, T. Anatomy Trains, 3ª ed.

Souchard, P.E. RPG – Reeducação Postural Global.

Selkowitz, D. et al. Gluteal Muscle Activation During Common Therapeutic Exercises. J

Orthop Sports Phys Ther, 2013.

 
 
 

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